
7 de nov. de 2025
Human Picks
Staff
Quem trabalha na direção de arte sabe bem que os prazos sempre foram apertados e as demandas visuais se tornam cada vez mais complexas. A boa notícia é que a inteligência artificial está redesenhando essa rotina, e a grande virada é que existem plataformas como LTX, Midjourney e Krea, que ajudam a visualizar ideias em minutos. Isso significa que já é possível produzir storyboards coerentes, referências visuais precisas e conceitos de cena com um nível de detalhamento que antes levaria dias ou até semanas de trabalho.
O LTX, desenvolvido pela israelense Lightricks, é um dos exemplos dessa transformação por conseguir converter textos ou roteiros completos em sequências visuais, dividindo a narrativa em cenas e gerando miniaturas editáveis. A proposta é simples e eficiente: traduzir ideias em imagens com fluidez, garantindo coerência entre enquadramentos, ambientação, iluminação e a consistência de personagens ao longo de toda a história.

Reprodução: LTX
O poder das ferramentas de storytelling visual na direção de arte
A concepção do LTX marca uma mudança na forma como profissionais de arte usam a IA no dia a dia. Criado pela mesma empresa por trás de aplicativos populares como Facetune e Videoleap, ele surgiu de uma percepção clara de que as tecnologias generativas transformariam profundamente o campo criativo. Por isso, em vez de só adaptar seus produtos já existentes, a empresa desenvolveu a ferramenta do zero, justamente para atender à demanda por narrativas visuais consistentes, em vez de focar apenas em imagens soltas.
Antes dele, o Midjourney também já era uma referência na geração de imagens, tendo ultrapassado a marca de 20 milhões de usuários em 2024. Com a plataforma, profissionais de mídia, entretenimento e publicidade conseguem testar composições, atmosferas e estilos visuais de forma muito mais clara e rápida.
Já o Krea complementa o cenário com recursos como geração de vídeos em tempo real, objetos 3D e escalonamento de resolução de até 22K. A integração com o ChatGPT facilita muito o processo, com interações em linguagem natural que possibilitam ajustes e busca de inspiração, tornando as experimentações criativas mais acessíveis.
Identidade narrativa aprimorada nos storyboards com IA
O storyboard é o recurso que assegura consistência visual no LTX. Ele permite visualizar a intenção do diretor em sequência, garantindo que cada quadro mantenha o mesmo tom, ritmo e identidade do projeto.
Além do storyboard, o LTX traz funções que ampliam o campo de experimentação criativa:
Character Acting: faz sincronização labial precisa e oferece vozes realistas, com possibilidade de personalizar gestos e diálogos.
Edição colaborativa: permite que equipes trabalhem em conjunto, em tempo real, revisando e ajustando cenas simultaneamente.
Controle de câmera: possibilita definir keyframes, ajustar ângulos e até desenhar elementos diretamente na composição, com liberdade de movimento e precisão técnica.
Durante os testes beta, Jordan Wilson, da equipe do produtor cinematográfico Tom DeSanto (Transformers e X-Men), elogiou a fidelidade dos personagens gerados e a clareza das cenas, mesmo observando que algumas animações ainda desafiam as leis da física, um detalhe que a Lightricks vem refinando a cada atualização.
Na prática, essa combinação de recursos amplia o campo de experimentação estética. Diretores, artistas e motion designers podem testar enquadramentos, ritmo e ambientações antes de iniciar a produção, avaliando possibilidades visuais sem sequer precisar montar um set, por exemplo. O resultado é um processo mais intuitivo, iterativo e fiel à intenção original de direção.
Como usar o LTX: passo a passo para storyboards consistentes
O LTX é bem intuitivo, mas quando você abre a plataforma pela primeira vez, é natural sentir que existem mil possibilidades e não saber por onde começar. A boa notícia é que não tem mistério: entendendo alguns recursos principais, você já cria storyboards fortes e, conforme ganha prática, amplia o nível de refinamento.
Primeiros passos
Antes de criar seu primeiro storyboard digital, você só precisa de uma conta, e o processo é rápido: basta se cadastrar com e-mail ou conta do Google. Ao fazer login, você recebe créditos gratuitos para começar a testar a ferramenta imediatamente.
A criação do storyboard na prática
1. Inicie seu projeto

Na tela inicial, você pode escolher entre iniciar um projeto do zero ou começar com um roteiro pré-definido. Em ambas as opções, a IA pode ajudar com sugestões para refinar e estruturar o material automaticamente.
Se você já começou alguma criação, vai ver todos os seus projetos (e os da equipe) para dar continuidade.
2. Defina e refine sua ideia central

A partir da sua ideia central, descreva a essência do seu projeto: o formato (comercial, anúncio, filme, animação), dados importantes de produto/marca, público-alvo, tom e estilo visual.
Inclua também mensagens-chave ou orientações específicas que ajudem a IA a manter o resultado alinhado à sua intenção e estratégia.
3. Configure o estilo e a estrutura base

Na próxima tela, você define o nome do projeto e escolhe a proporção de tela.
É aqui também que você configura a estrutura base dos personagens (cast) e as ambientações iniciais, podendo até enviar uma imagem para referência de estilo (style).
4. Estruture e visualize as cenas

Depois de definir a ideia e o estilo, você verá um resumo cena a cena (breakdown), que você pode editar ou usar para gerar o storyboard imediatamente.
A ferramenta faz a divisão inicial das cenas, mas você pode ajustar as tomadas, movimentos de câmera, enquadramentos, ângulos e composição, mantendo o foco na narrativa visual para que cada quadro conte a história.
5. Finalize e exporte seu storyboard

Escolha o tipo de projeto final e deixe a IA gerar o storyboard completo. Revise e use o resultado como base para a produção, garantindo clareza e alinhamento com toda a equipe.
Por fim, você pode exportar seu storyboard como vídeo ou PDF para compartilhar com a equipe, iniciar a revisão ou dar o próximo passo na produção.
Dicas rápidas para o workflow
Clareza acima de detalhes: lembre-se que o storyboard não precisa ser uma obra de arte, o foco é comunicar a história de forma clara.
Pense visualmente: enquadre as cenas cinematograficamente, focando em ângulos e composição.
Colabore e mantenha flexibilidade: storyboards são documentos vivos, então compartilhe com a equipe desde o início e esteja aberto a feedbacks e ajustes.
Dica extra para animação: se for criar animações, você deve indicar movimentos e ritmo usando setas ou anotações, e vale a pena considerar um animatic para testar o fluxo antes da produção.
Como a comunidade está usando o LTX
A melhor forma de evoluir e se inspirar é ficar de olho no que a comunidade criativa está produzindo, pois ver esses projetos prontos abre a mente para novas possibilidades estéticas e técnicas.
Confira alguns trabalhos selecionados do LTX:
Koan
Ambientado nas paisagens do Quirguistão, Koan é um curta meditativo sobre a busca humana por compreensão e o confronto com o inexplicável. Um mergulho visual e sensorial na serenidade e no mistério do desconhecido.
Nine
Em Nine, um homem isolado em um observatório enfrenta o colapso do corpo e da mente enquanto uma máquina registra sua decadência. Um sci-fi experimental que reflete sobre tempo, memória e existência.
The Fallen Leaf
Neste delicado curta, uma garota e um antigo carvalho revelam a beleza das transformações e a força silenciosa de aprender a deixar ir. Uma fábula visual sobre mudança e renascimento.
Os três filmes foram criados com o LTX, explorando o potencial criativo da inteligência artificial na produção audiovisual, desde a concepção até o storytelling e a pós-produção. Para conferir mais trabalhos feitos com a ferramenta, clique aqui.
Conclusão
O LTX deixou de ser apenas um recurso de IA e já se consolidou como uma excelente opção na pré-produção audiovisual, presente em fluxos reais de publicidade, entretenimento, projetos autorais e com um foco claro: gerar storyboards e identidades visuais cada vez mais consistentes.
A chave é progredir no domínio das ferramentas começando pelas funções básicas, avançando para o controle de personagens e do estilo visual e, com isso, explorar recursos avançados, como o controle de câmera e a edição em equipe. É nesse ponto que o LTX mostra todo seu potencial como uma extensão criativa que materializa rapidamente o que você imaginar, e não apenas como um simples gerador de thumbnails ou rascunhos. Quando usado com direção e estratégia, cada prompt no LTX vira um exercício de autoria autêntica e visão estética.
Para continuar refletindo sobre consistência visual e IA, confira também como manter a identidade na era multiplataforma e descubra como se adaptar com uma boa estratégia criativa.







