
Staff Pick #1
Sep 3, 2025

Nando
CEO | FOUNDER
O debate sobre a inteligência artificial nas agências já não é sobre “se” ela deve ser adotada, mas “como”. A pressão do mercado por velocidade, consistência e impacto criativo forçou a tecnologia a sair do canto experimental e assumir lugar no centro da operação. E isso não é um detalhe.
A grande questão, repetida em reuniões de conselho, apresentações para clientes e até em pitchs de novos negócios é simples e direta: como acelerar sem perder qualidade? A resposta passa menos por escolher a ferramenta do momento e mais por redesenhar o processo criativo.
É aí que algumas agências brasileiras já estão dando sinais de maturidade: ao transformar a IA em parte orgânica dos seus workflows, elas conseguem ganhar eficiência e, ao mesmo tempo, reforçar sua identidade criativa. E o movimento não interessa apenas ao Brasil. Os cases locais já funcionam como referência global sobre como equilibrar velocidade e qualidade em escala.
Workflows otimizados: o novo ritmo das agências
O processo criativo deixou de ser linear. Antes, a lógica era clara: brainstorming, execução manual, revisão e finalização. Hoje, a criação ganhou novas idas e vindas. Uma ideia pode nascer em um prompt de texto, ser refinada por uma equipe de direção de arte, voltar para a IA em busca de variações visuais, e depois aterrissar em uma pós-produção cuidadosa.
Esse movimento contínuo gerou um workflow híbrido. A IA assume parte das tarefas repetitivas, como ajustes de versões, simulações de cenas e adaptações de formatos, enquanto o criativo recupera tempo para pensar em conceito, estética e narrativa.
Não se trata de substituir etapas, mas de torná-las mais flexíveis. Cada vez mais, o trabalho criativo se define por esse ciclo dinâmico, no qual tecnologia e curadoria se alternam sem hierarquia fixa.
Esse modelo exige também uma nova forma de gestão. O que antes era visto como pipeline rígido hoje funciona como um ecossistema vivo, onde dados, ferramentas e olhares humanos se interconectam em tempo real.

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Integração da IA ao processo criativo tradicional
A integração da inteligência artificial não acontece de forma isolada. É, acima de tudo, uma questão cultural. As agências que conseguem alinhar direção de arte, redação, mídia e dados em torno da IA não apenas ganham eficiência, mas criam um novo modo de operar.
O segredo está na orquestração. A direção de arte mantém a consistência estética, assegurando que a marca não perca seu DNA em meio a centenas de variações automatizadas. A redação se beneficia de testes de copy, mas ainda decide qual tom conecta melhor com a audiência. A mídia encontra na IA um parceiro para segmentação, mas continua sendo responsabilidade humana interpretar resultados e transformá-los em estratégia
Esse casamento entre métodos clássicos e ferramentas emergentes dá origem a campanhas mais ágeis e cuidadosas. Afinal, o tempo que se economiza em execução pode ser reinvestido em experimentação, pesquisa e refinamento conceitual.

Case da GALERIA.ag: IA como parte da equipe criativa

Em julho de 2025, a GALERIA.ag firmou uma parceria inédita com a Adobe para implementar o pacote completo do GenStudio em seu fluxo criativo. Foi a primeira agência do Brasil, e uma das primeiras no mundo, a operar a suíte de ponta a ponta. O investimento inicial foi de R$10 milhões, com início imediato de implementação e o objetivo claro de aumentar consistência e eficiência nas entregas sem comprometer a qualidade criativa.
Essa decisão marcou uma nova fase para a agência, com foco em um modelo mais conectado e escalável. O GenStudio não foi incorporado como ferramenta de apoio, mas como parte central do processo operacional, com a meta de otimizar a gestão de campanhas e reduzir o tempo de lançamento no mercado.
Os ganhos projetados pela Adobe são expressivos: redução de até 70% no tempo de ida ao mercado e queda de cerca de 30% no desperdício de conteúdo graças à centralização e ao reuso inteligente de assets. Isso significa que uma ideia pode sair do briefing e chegar pronta para veiculação em muito menos tempo, com mais aproveitamento de materiais criados ao longo do caminho.
Na prática, o GenStudio conecta todas as etapas do ciclo criativo. A criação pode ser feita com variações geradas pelo Adobe Firefly, sempre respeitando as diretrizes de marca. O conteúdo passa por verificações automáticas de consistência e segue para aprovação integrada ao Adobe Workfront. De lá, já pode ser ativado diretamente em plataformas como Meta, e em breve também no Google Campaign Manager 360, LinkedIn e Amazon Ads. Todo esse processo é acompanhado por indicadores de performance, que retroalimentam a criação com dados em tempo real.
O head de operações Daniel Martins explicou que a aposta da Galeria sempre foi usar tecnologia como alavanca da criatividade e do valor para clientes. O CEO Eduardo Simon reforçou que a automação não substitui pessoas, mas libera tempo para criatividade, inovação e estratégia. Já Raul Braga, da Adobe, ressaltou que a Galeria será a primeira no país a operar o GenStudio em sua totalidade, colocando o Brasil em linha com o que há de mais avançado globalmente.
Do ponto de vista dos clientes, o benefício é direto: campanhas sobem mais rápido, com menos retrabalho, maior consistência e resultados previsíveis. O case da GALERIA.ag mostra que a IA só preserva e eleva qualidade quando tratada como infraestrutura de processo, do briefing à ativação, sempre com a curadoria humana no centro.
Case da i-Cherry: maturidade máxima em IA

Se a GALERIA.ag mostra a integração prática da IA ao processo criativo, a i-Cherry Agency representa a maturidade estrutural dessa transformação. A agência foi a primeira do Brasil a atingir o estágio máximo do GMaturity, índice criado pelo Google em parceria com a BCG (Boston Consulting Group). O ranking avalia como empresas e agências utilizam IA com dados próprios, práticas de privacidade e eficiência operacional.
No caso da i-Cherry, o nível máximo conquistado, chamado de Multimomento, vai além de um título simbólico. Ele traduz a capacidade de operar sistemas complexos de ponta a ponta. Isso significa conduzir todo o ciclo de criação, do planejamento estratégico à entrega final, dentro de uma infraestrutura própria, sem depender de fornecedores externos para decisões críticas.
O coração dessa operação é o WPP Open, um sistema operacional de marketing que recebe investimento anual de R$2,2 bilhões. É nele que diferentes tecnologias se conectam: a IA Sotalia, responsável por inteligência e automação, a Choreograph, que organiza e ativa dados próprios com foco em privacidade, e a DTI Corebiz, que sustenta a camada técnica de integração. Tudo isso apoiado por uma rede global de parceiros de peso, como Google, Adobe, IBM, Microsoft, NVIDIA e Amazon.
Essa arquitetura cria um ecossistema de alta performance no qual a inteligência artificial deixa de ser ferramenta isolada e se consolida como infraestrutura central de criação e operação. O CEO Adriano Nadalin destacou que esse marco reforça a postura da i-Cherry de unir mídia, tecnologia e dados para gerar resultados de alto impacto. Do lado do Google, Camila Bertoli explicou que o índice foi concebido justamente para medir a capacidade das agências em implantar práticas avançadas nas áreas técnica, criativa e operacional.
Na prática, escalar campanhas, personalizar experiências e medir resultados em tempo real deixou de ser promessa para se tornar rotina. O caso prova que é possível ganhar velocidade sem abrir mão de profundidade criativa, reposicionando a i-Cherry como referência em liderança digital no mercado brasileiro.
ROI e eficiência: o impacto nos resultados
Adotar IA em workflows criativos não é apenas uma escolha operacional, mas também estratégica. No campo do ROI, os números falam por si. Processos automatizados reduzem custos de execução, encurtam prazos de entrega e permitem mais ciclos criativos em menos tempo.
Mais do que eficiência, há impacto direto em percepção de marca e resultado comercial. Estudos da Nielsen já apontaram que anúncios personalizados por IA podem aumentar a favorabilidade em mais de 20 pontos percentuais e elevar a intenção de compra em 18 pontos. A tecnologia não só acelera, como gera valor tangível para as marcas.
Na prática, o ROI da IA se revela em três frentes:
Economia de recursos antes destinados a tarefas manuais.
Agilidade para testar e otimizar campanhas em tempo real.
Capacidade de personalização em escala.
Apresentar IA para clientes: do discurso à prática
Outro desafio das agências é traduzir a integração da IA em narrativas que façam sentido para clientes. Afinal, a maioria das marcas não está interessada apenas na tecnologia em si, mas em como ela pode gerar relevância, diferenciação e impacto no negócio.
As agências que saem na frente são aquelas capazes de apresentar workflows claros, mostrando como a IA acelera processos sem sacrificar consistência. Também são as que conseguem evidenciar eficiência sem perder storytelling, provando que a tecnologia não dilui a criatividade, mas a expande.
Apresentar casos concretos, como os de GALERIA.ag e i-Cherry, é parte essencial desse processo. Eles ajudam a reforçar que a IA não é experimento, mas infraestrutura. Para clientes, isso significa segurança, previsibilidade e resultados, três palavras que ainda pesam muito em qualquer reunião de marketing.

Conclusão
Os cases brasileiros deixam uma lição clara: a IA, quando bem integrada, não substitui o trabalho criativo, mas amplia suas possibilidades. A GALERIA.ag mostrou como é possível transformar tecnologia em parte da equipe, sem perder identidade. A i-Cherry provou que a maturidade estrutural em IA pode reposicionar toda a operação de uma agência.
O futuro das agências não será definido pela velocidade de adoção de novas ferramentas, mas pela inteligência em integrá-las ao seu DNA criativo. A qualidade continua sendo humana, mas agora amplificada por sistemas que multiplicam alcance, eficiência e impacto.

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