Human Predicts 2026: as 9 principais tendências de IA segundo dados e líderes do mercado

Human Predicts 2026: as 9 principais tendências de IA segundo dados e líderes do mercado

Human Predicts 2026: as 9 principais tendências de IA segundo dados e líderes do mercado

2 de jan. de 2026

Human Picks

Staff

Existe um consenso silencioso se formando no mercado criativo global: a inteligência artificial deixou de ser novidade e passou a ser infraestrutura. O debate gira em torno do impacto real que ela já exerce sobre criatividade, mídia, trabalho e cultura.

Na Human, que vive diariamente a interseção entre criatividade, tecnologia e mercado, esses sinais não aparecem como tendência futura, mas como realidade presente. Eles já moldam decisões criativas, estratégias de mídia e a forma como marcas competem por atenção.

O AI Trend Report 2026, da Artlist, ajuda a materializar essa virada. A pesquisa ouviu mais de 6.500 criadores em mais de 140 países e revelou um dado impossível de ignorar: 87% dos profissionais criativos já utilizam IA de forma ativa, sendo que 66% afirmam usar essas ferramentas semanalmente. A IA saiu do campo experimental e se tornou essencial.

87% dos profissionais criativos já utilizam IA de forma ativa, sendo que 66% afirmam usar essas ferramentas semanalmente.

Ao mesmo tempo, lideranças globais de mídia ouvidas pelo Ad Age, em reportagem publicada no Brasil pelo Meio & Mensagem, apontam que a IA não está apenas criando novos formatos, mas reestruturando toda a jornada do consumidor, da busca ao consumo, do conteúdo à conversão.

Na Human, lemos esses sinais como um alerta e uma oportunidade: 2026 será sobre aprender a pensar melhor com a inteligência artificial.

1. Quando a execução se torna commodity, o pensamento vira vantagem competitiva

O relatório da Artlist descreve 2026 como o auge da “terceira onda da democratização criativa”. Se as duas primeiras ondas deram acesso a ferramentas e audiência, a terceira oferece algo mais profundo: acesso à inteligência criativa.

Hoje, qualquer pessoa com um prompt bem estruturado consegue gerar imagens, vídeos, animações e narrativas. Segundo o estudo, 37% dos criadores já afirmam usar IA como principal parceira de ideação, superando inclusive o uso para tarefas puramente técnicas. A IA deixou de ser apenas braço operacional e passou a ocupar o espaço do pensamento inicial.

Segundo o estudo, 37% dos criadores já afirmam usar IA como principal parceira de ideação, superando inclusive o uso para tarefas puramente técnicas. A IA deixou de ser apenas braço operacional e passou a ocupar o espaço do pensamento inicial.

Esse movimento muda completamente a economia da criatividade. Como o próprio relatório aponta, o “polimento”, antes sinal de investimento, talento e autoridade, tornou-se comum demais para diferenciar alguém. Em um cenário de inflação estética, o valor migra para a clareza de ideia, para o recorte estratégico e para o motivo pelo qual algo está sendo criado.

Em outras palavras: quando todos conseguem executar bem, quem pensa melhor sai na frente.

2. Mais possibilidades, mais pressão: a tensão real do mercado criativo

Apesar do discurso otimista, os dados do relatório revelam um mercado sob pressão. 38% dos criadores afirmam que o maior desafio hoje é encontrar tempo para criar, enquanto 27% dizem que a principal dificuldade é se destacar em um mercado saturado. A abundância de conteúdo não gerou alívio, gerou competição cognitiva.

Além disso, existem medos estruturais. 36% dos criadores apontam a posse dos direitos como a maior preocupação em relação à IA, e 27% ainda têm dúvidas se o conteúdo gerado pode ser usado comercialmente

29% dos criadores acreditam que o maior impacto da IA está nas possibilidades inédias que ela libera.

Esses dados revelam uma verdade incômoda: 2026 não será um paraíso criativo, mas um ambiente mais rápido, mais barulhento e mais exigente. A IA amplia possibilidades, mas também aumenta a responsabilidade de quem cria.

3. A ascensão do AI Auteur e o novo valor da direção criativa

É nesse contexto que surge com força o conceito de AI Auteur, proposto pela Artlist. Inspirado na teoria do cinema autoral, ele descreve criadores e diretores que se destacam não pela ferramenta que usam, mas pela visão pessoal que conseguem imprimir sobre sistemas cada vez mais poderosos.

Joshua Davies, Chief Innovation Officer da Artlist, resume essa virada ao afirmar que “a IA é o nivelador final: ela remove barreiras técnicas e revela quem realmente tem visão”. A tecnologia executa com perfeição crescente, mas não corrige uma ideia ruim. O relatório é direto ao nomear o maior risco do próximo ciclo: o AI slop, conteúdos conceitualmente vazios.

Essa leitura conversa diretamente com o que o mercado já sinaliza. Ted Sarandos, CEO da Netflix, citado no relatório, afirma que a grande oportunidade da IA é liberar tempo e energia para foco em visão, estratégia e narrativa, não automatizar o talento criativo em si.

Em 2026, cresce a demanda por diretores criativos capazes de orquestrar IA, não apenas operá-la. O valor profissional deixa de estar no domínio de softwares e passa para a capacidade de tomar decisões estéticas, culturais e estratégicas em ambientes de alta velocidade e abundância criativa.

E o mercado confirma essa direção: a animação generativa deve crescer de U$$ 2,1 bilhões (2024) para U$$ 15,9 bilhões (2030). "É preciso de um grande artista para criar algo grande. A IA oferece melhores ferramentas, mas não transforma ninguém em um bom contador de histórias." — Ted Sarandos, CEO da Netflix

4. O colapso do workflow linear e a era da criatividade contínua

Outro dado relevante do relatório da Artlist diz respeito à transformação dos processos criativos. 26% dos criadores afirmam que o principal benefício atual da IA é a aceleração da edição e da pós-produção, mas o impacto mais profundo ainda está em curso.

O modelo tradicional, linear e compartimentado, briefing, criação, aprovação, produção, pós e lançamento, perde sentido em um ambiente onde idear, testar e refinar acontece em ciclos rápidos. 

Elav Horwitz, Chief Innovation Officer da WPP, afirma que estamos vivendo uma “reconfiguração fundamental da forma como o trabalho criativo funciona”, substituindo fluxos lentos por ciclos iterativos e circulares.

Outro dado relevante do relatório da Artlist diz respeito à transformação dos processos criativos. 26% dos criadores afirmam que o principal benefício atual da IA é a aceleração da edição e da pós-produção, mas o impacto mais profundo ainda está em curso.

Isso explica por que equipes menores conseguem hoje explorar múltiplas direções criativas, testar conceitos antes impensáveis e reduzir drasticamente o custo do erro. A famosa “gaveta” de ideias ousadas, citada no relatório como “The death of the drawer”, deixa de existir. Testar ficou rápido demais para não testar.

Equipes que adotam workflows circulares estão produzindo 5 a 10x mais conteúdo com os mesmos recursos.

5. Do teste A/B à exploração criativa em escala

Durante anos, marketing se apoiou em testes A/B focados em microajustes. A IA amplia esse horizonte de forma radical. Como aponta Shahar Aizenberg, CMO da Artlist, a oportunidade não está mais em testar variações pequenas, mas em explorar universos criativos inteiros ao mesmo tempo.

Isso cria um novo desafio: mais opções exigem mais direção. A IA consegue gerar infinitas alternativas, mas não é capaz de dizer qual delas realmente move pessoas. Essa responsabilidade volta para o humano, que precisa combinar leitura cultural, empatia e estratégia para decidir o caminho.

"Quando a barreira para criar um trabalho refinado é zero, a barreira para ser memorável é maior do que nunca." — Orit Bar-Niv, Vice-Presidente de Conteúdo, Artlist

A criatividade deixa de ser limitada por capacidade de produção e passa a ser limitada por capacidade de escolha.

6. Autenticidade 3.0 e a crise (e oportunidade) da confiança

O relatório da Artlist dedica um bloco inteiro à Authenticity 3.0, refletindo uma preocupação crescente do mercado. Segundo pesquisas citadas no estudo, 57% dos consumidores afirmam não conseguir identificar imagens geradas por IA, enquanto 84% acreditam que marcas deveriam declarar quando usam esse tipo de tecnologia.

Esse descompasso cria uma crise de confiança, mas também uma oportunidade. Em vez de esconder processos, marcas passam a ser valorizadas por mostrar como as coisas são feitas, quais decisões foram tomadas e qual papel a IA teve no caminho.

Sally Barton, líder de marketing da Mondelēz International, destaca no relatório que a estranheza sustentada por convicção é impossível de ser replicada por IA, citando o case da Butter Nutter, que construiu relevância cultural justamente ao assumir uma identidade deliberadamente esquisita, consistente e humana.

57% dos consumidores afirmam não conseguir identificar imagens geradas por IA.

Autenticidade, em 2026, não será sobre parecer espontâneo, mas sobre ser intencional.

7. Educação criativa como novo eixo de autoridade

Outro ponto de convergência entre os materiais está no papel da educação. O relatório aponta que três em cada cinco criadores têm receio de contar aos clientes que usam IA, revelando um abismo de compreensão entre quem cria e quem consome.

Esse cenário transforma conteúdo educativo em ativo estratégico. Segundo o estudo, criadores que compartilham processos, explicam ferramentas e contextualizam decisões constroem confiança mais rápido do que qualquer campanha tradicional. A educação vira o novo motor da relevância.

As lideranças ouvidas pelo Ad Age reforçam essa leitura ao apontar que a IA está redesenhando não apenas formatos, mas modelos de relacionamento entre marcas, mídia e pessoas. Contexto, utilidade e clareza passam a valer mais do que alcance vazio.

8. IA, mídia e o redesenho da jornada de descoberta

O impacto da IA não se limita à criação. Segundo as análises do Ad Age, a busca deixa de ser exclusivamente no Google e passa a acontecer em múltiplos ambientes: redes sociais, plataformas de e-commerce, LLMs como ChatGPT e agentes de IA que mediam decisões.

Áudio gerado por IA, experiências conversacionais e social commerce ganham força. A criação precisa considerar não apenas o que é produzido, mas onde, como e por quem esse conteúdo será encontrado, interpretado e acionado.

Criar bem já não basta. É preciso criar entendendo ecossistemas complexos de mídia, busca e consumo.

9. O retorno do físico em um mundo saturado de telas

Figital: IA como motor de experiências reais.

Talvez a previsão mais contraintuitiva para 2026 seja a valorização do mundo real. Lideranças globais de mídia destacam que, em um ambiente saturado de conteúdo digital gerado por algoritmos, experiências físicas compartilhadas se tornam raras e, por isso, valiosas.

Eventos, ativações presenciais e experiências híbridas ganham força como resposta ao cansaço do digital. A IA entra como ferramenta de personalização, amplificação e design, mas o valor central está no encontro humano.

Como o próprio relatório conclui, a memória de uma experiência real não pode ser gerada artificialmente.

Conclusão: 2026 será sobre escolhas

Os dados deixam pouco espaço para dúvida. A inteligência artificial já está integrada ao trabalho criativo, ao planejamento de mídia e à forma como marcas se comunicam com o mundo. Em 2026, discutir se a IA será usada deixa de fazer sentido. A única pergunta relevante passa a ser como e para quê ela será usada.

O que as pesquisas revelam não é um futuro mais fácil, mas um futuro mais exigente. A IA remove barreiras técnicas, mas expõe fragilidades conceituais. Amplifica boas ideias, mas também torna ideias fracas imediatamente visíveis. Acelera processos, mas cobra clareza, repertório e capacidade de decisão em níveis inéditos.

Nesse cenário, criatividade deixa de ser sinônimo de execução e passa a ser sinônimo de escolha. Escolher o que criar, o que descartar, o que sustentar e o que ignorar. Escolher quando usar IA, quando não usar e quando mostrar que usou. Escolher entre o genérico confortável e o posicionamento estranho, mas verdadeiro.

As pesquisas da Artlist e as análises de líderes globais de mídia apontam para a mesma direção: o diferencial competitivo de 2026 será humano. Visão, gosto, empatia, discernimento e coragem criativa se tornam ativos mais raros do que qualquer ferramenta.

E talvez essa seja a grande virada do próximo ciclo: quanto mais inteligência artificial entra em cena, mais claro fica o valor de quem sabe pensar, dirigir e escolher.

O futuro criativo será profundamente humano.

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